Um apartamento a poucos metros do mar em Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina. Duas vagas na garagem. Três quartos. E com preço bem abaixo do mercado.  Durante uma semana, um turista de Mato Grosso do Sul trocou e-mails e negociou por telefone com um homem que se dizia dono do apartamento. A oferta tentadora, na verdade, era um golpe.

Crimes como esse se tornam mais comuns com a chegada da alta temporada, alerta a Polícia Civil de Santa Catarina. Pela internet, criminosos atraem turistas com preços abaixo do mercado e não respondem mais após receberem parte do dinheiro.

No caso do turista de Mato Grosso do Sul, os golpistas copiaram fotos do site de uma imobiliária de Itapema, no Litoral Norte, e publicaram em uma página conhecida de aluguel de imóveis na internet.

“Ele me passou um contrato lavrado em cartório. E com as datas todinhas e que teria que passar o número da conta. Aí foi onde eu fui e executei o depósito. Após o depósito, eu estranhei que ele começou a não responder as minhas mensagens”, disse a vítima, que não quis ser identificada.

O turista deu metade do valor do aluguel, R$ 1.250. O golpista falava com a vítima de um celular do Rio Grande do Sul, o que dificilmente ocorreria em uma negociação normal.

Outros erros, como a localização do apartamento, fizeram com que o turista e a imobiliária começassem a desconfiar do anúncio.

“A quadra do mar tem números impares e a segunda quadra são os números pares. Esse anunciante colocou o imóvel na quadra do mar, contudo, ao enviar o contrato, a rua era um número par. E outra coisa que nos chamou a atenção foi em relação ao valor, né? Estava aí de 30% a 40% abaixo do aplicado no mercado”, disse Jusávia Lisboa, dona de uma imobiliária.

No caso do turista do Mato Grosso do Sul, a farsa foi descoberta antes da viagem. Mas há casos em que pessoa paga parte do aluguel e, quando chega, descobre que foi enganada.

Recorrência
No ano passado, pelo menos três ocorrências foram registradas em Balneário Camboriú e 12 em Bombinhas, duas cidades do Litoral Norte. Nas últimas semanas, foram dois casos em Itapema.

A polícia reconhece que artimanhas dos criminosos dificultam a investigação e que é quase impossível recuperar o dinheiro.

“A gente já tem alguns tipos de golpe. Ou que o imóvel realmente não existe aqui e a pessoa aluga um imóvel-fantasma ou às vezes a pessoa chega aqui e se depara com imóvel já locado para terceira pessoa e não para ela”, relatou a delegada Grace Closs.

Para o presidente da Associação de Corretores de Imóveis de Itapema (Ascir), o visitante deve se cercar de todos os cuidados.

É preciso saber se o responsável tem registro no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis e fazer uma pesquisa detalhada sobre todos os envolvidos na locação.

“Se tem dúvida, busque um telefone fixo que tenha prefixo 47 [da região do Litoral Norte]. Também confira pela internet, o site daquea imobiliária e aí sim, se houver divergência, ele entra em contato. Inclusive vai nos ajudar porque vamos eliminar uma fraude”, aconselhou o presidente da Ascir, Cláudio Zucco.